domingo, 21 de março de 2010

ESTRATÉGIAS VERDES PARA EDIFÍCIOS – O CASO DO RESIDENCIAL BUENA VISTA


Elaboramos um dossiê que explica as estratégias de sustentabilidade adotadas para o edifício residencial em construção pela nossa empresa em Blumenau. Acreditamos que o partido adotado é muito diferente do que vem sendo praticado no mercado de modo geral e representa uma contribuição para o debate da sustentabilidade e qualidade da arquitetura e da construção na região.

ESTRATÉGIAS VERDES PARA EDIFÍCIOS


Conforme estudo das características climáticas de Blumenau, foi identificado que, para a nossa região, atinge-se conforto térmico em apenas 20% do ano, sendo que os 80% restantes são de desconforto gerados pelo frio (aproximadamente 40%) e pelo calor (aproximadamente 40%),  conforme figuras (carta bioclimática) abaixo:
Diretrizes construtivas para a Zona Bioclimática do Litoral de SC

    Zona Bioclimática / SC     Carta Bioclimática 

Durante esse período (80% do ano), o conforto térmico é atingido apenas através do uso de condicionamento artificial pela falta de consideração de estratégias de conforto térmico passivo adequadas, o que gera consumo de energia desnecessário.

Assim sendo, definimos o partido arquitetônico em função das diretrizes de condicionamento térmico passivo pré-definidas pela Carta Bioclimática, conforme tabelas 1, 2 e 3, abaixo:

Tabela 1 - Aberturas para ventilação e sombreamento das aberturas para a Zona Bioclimática/ SC

Aberturas para ventilação
Sombreamento das aberturas
Médias
Permitir sol durante o inverno

Tabela 2 – Tipos de vedações externas para a Zona Bioclimática / SC

Vedações externas

Parede: Leve Refletora
Cobertura: Leve Isolada

Tabela 3 - Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona Bioclimática / SC


Estação

Estratégias de condicionamento térmico passivo
Verão
J) Ventilação cruzada
Inverno
B) Aquecimento solar da edificação
C) Vedações internas pesadas (inércia térmica)
Os códigos J, B e C são os mesmos adotados na metodologia utilizada para definir o Zoneamento Bioclimático do Brasil.

O Partido Arquitetônico foi assim definido de modo a atingir:

1. Ventilação Cruzada em todos os apartamentos
2. Aquecimento solar passivo e uso de massa térmica
3. Ótima Iluminação natural

Em função de o terreno estar estrategicamente situado em uma esquina, optamos pela implementação de duas torres de dois apartamentos por andar, de forma a garantir sol da manhã em todos os quartos e ventilação cruzada em todos os apartamentos. Alem disso, optamos pela utilização de paredes internas com 17cm de espessura para uma maior inércia térmica.  Isso proporciona um atraso térmico de até 4,5 horas, reduzindo o pico de calor no verão, e, no inverno, garante o aquecimento solar passivo através da radiação solar direta sobre as paredes.

Vale ressaltar que a opção convencional neste caso seria a construção de uma única torre de quatro (ou mais) apartamentos por andar, o que fatalmente comprometeria a orientação solar de alguns apartamentos e respectiva ventilação.

Os diagramas abaixo exemplificam as estratégias adotadas no partido arquitetônico edifício:





Benefícios adicionais desta configuração são:

- Todos os apartamentos tem uma vista privilegiada para o verde
- Maior privacidade para os moradores
- Maior conforto térmico
- Melhor qualidade do ar
- Menor custo operacional
- Maior valor de mercado
- Mais iluminação natural
- Melhor ambiente

Sabe-se que os edifícios contribuem na ordem de 30% a 40% do consumo de energia global, de 25% a 35% das emissões de gás carbônico e de 50% a 70% do uso total de energia elétrica. Em edifícios residenciais, boa parte dessa energia é usada na iluminação e condicionamento térmico. Segundo (Drogemuller, Delsante et al. 1999) o setor residencial (mundial) contribui para 60% da emissão de gases estufa do total emitido pelo setor da construção civil.

Alem disso, Ken Yeang (1999) argumenta que a otimização do ganho de calor é influenciado pela forma do edifício e a relação entre o volume e a área superficial da fachada. O diagrama abaixo exemplifica essa relação para as respectivas zonas climáticas:

Relação área x volume indicadas para cada clima.


Assim sendo, buscamos implementar essa estratégia no edifício em questão, e em paralelo adotamos outras estratégias específicas de sustentabilidade, como segue:

REDUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA
-          Arquitetura Bioclimética, priorizando o sol da manhã nos quartos e a ventilação cruzada, para maior conforto térmico
-          Esquadrias grandes para maior luminosidade dos apartamentos
-          Sensores de presença nas áreas comuns com células fotovoltaicas
-          Iluminação das áreas comuns com lâmpadas de baixo consumo

REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA
-          Reaproveitamento de água das chuvas para as áreas comuns
-          Sistema de descarga de 3 e 9 litros (dual flush) nos vasos sanitários das áreas comuns
-          Temporizador nas torneiras das áreas comuns para redução do consumo de água
-          Hidrômetros individuais
-          Reaproveitamento de água das chuvas durante a obra 

ÁREAS VERDES
-          Telhado branco. Em linha com a companha 1 degree less (um grau a menos), contribui para a redução da ilha de calor nas cidades
-          Pracinha
-          20% de área permeável e plantada.
-          Telhado Verde

            Preservação e Plantío de árvores que proporcionam sombra às áreas comuns 

RECICLAGEM
-          Coleta seletiva de lixo
-          Gestão de resíduos da construção
-          Adoção de estratégias para a redução de entulho / desperdícios durante a obra
-          Lâmpadas com garrafa PET para áreas de almoxarifado, rancho de obras, etc

ESSE É SÓ O COMEÇO!